VIVAS

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Índice de Saúde do Oceano brasileiro ganha nota 66 de 100.



Os resultados da edição 2013 do Índice de Saúde do Oceano (OHI) foram divulgados e o Brasil foi aprovado, mas sem muito louvor. Em uma escala de 0 a 100, o país ganhou nota 66 na metodologia que avalia se as nações utilizam os recursos e benefícios do oceano de maneira sustentável , conquistando o 87º lugar, em um ranking de 220 posições.
Para chegar a este resultado, o Índice - aplicado colaborativamente por cientistas, universidades, organizações sem fins lucrativos e agências governamentais de diferentes partes do mundo  avaliou mais de 200 Zonas Econômicas Exclusivas (ZEE), em 10 quesitos:
- águas limpas;
- armazenamento de carbono;
- biodiversidade;
- economia e subsistência costeira;
- identidade local;
- oportunidades de pesca artesanal;
- produtos naturais;
- proteção costeira;
- provisão de armazenamento e
- turismo e recreação.

O Brasil foi melhor avaliado nas categorias "oportunidades de pesca artesanal", com 99 pontos, e "armazenamento de carbono", com 92. O pior quesito foi "produtos naturais": tiramos nota 15 quanto à capacidade de exportar produtos provenientes do oceano, como peixes ornamentais, óleo de peixe, algas, conchas e esponjas.

A SAÚDE DO OCEANO NO RESTO DO MUNDO
As ilhas Heard e Mcdonald, região deserta do Oceano Antártico que faz parte da Austrália, foram as mais bem pontuadas no ranking, com 94 pontos, seguidas pela Ilha Saba, que fica no Caribe e integra a Holanda (90 pontos). Na outra ponta do ranking, Guiné Bissau teve o pior desempenho (41 pontos), seguido por República Democrática do Congo e Libéria, ambas com nota 42 na avaliação.
A média global do Índice de Saúde do Oceano foi 65, ou seja, o Brasil está, apenas, um ponto acima da média global. "Para um país com as dimensões oceânicas e o potencial que tem o Brasil, a nota posicionada em torno da média indica que existe muito espaço para um gerenciamento mais eficaz dos oceanos, visando a sustentabilidade dos recursos e garantindo o bem-estar dos seres humanos", conclui André Guimarães, diretor executivo da Conservação Internacional (CI-Brasil), uma das organizações que participa do OHI.

Confira o ranking completo AQUI.

domingo, 22 de setembro de 2013

Mackinac Island (EUA) - A cidade sem carros.


mackinac-island-cidade-sem-carros_06

No estilo de vida atual, ainda é difícil pra muita gente imaginar a vida sem carro, mas existe uma cidadezinha nos Estados Unidos onde nenhum veículo automotivo é permitido há 115 anos.
Quando os primeiros automóveis surgiram na região, os moradores da pacata cidade do estado de Michigan, Mackinac Island, decidiram que seria uma ótima ideia eliminar o barulho e a fumaça emitida pelos veículos. E transformaram essa ideia em lei, assinada em 6 de janeiro de 1898, que sentenciava: “O trânsito de carruagens sem cavalos está proibido nos limites da Vila de Mackinac”. Com o tempo, claro que foi necessário atualizar a resolução inicial, permitindo que as bicicletas circulassem pela cidade. E elas não só passaram a movimentar a cidade, como se tornaram o principal meio de transporte da população.
Hoje, Mackinac Island é habitada por apenas 500 pessoas, mas em alta temporada chega a abrigar até 15 mil – todas em busca de refúgio e calmaria. Uma das principais atrações turísticas é a rodovia, de quase 14 quilômetros, por onde circulam bike ou carruagem. Não há estacionamentos ou postos de gasolinas e, durante boa parte do trajeto é possível deliciar-se com a vista do litoral.
Mas isso tudo não quer dizer que os habitantes de Mackinac Island não precisam de carro em momento algum. Por motivos de segurança e para atender emergências, há poucos carros na cidade – todos da prefeitura – e não é comum vê-los circulando.
O jornalista Jeff Potter visitou a cidade e escreveu uma reportagem no periódico Bicycle Times*, na qual afirma que o ar dessa linda cidadezinha americana é mais limpo e que as doenças são menos incidentes por causa dos exercícios praticados cotidianamente por seus habitantes. Além disso, “trata-se de uma sociedade igualitária, já que todos têm o mesmo meio de transporte”.
O mais interessante dessa história é que o estado de Michigan – ao qual pertence esta cidade por onde ainda circulam carruagens – tem a indústria automobilística como uma das principais fontes da economia.
Nós também temos uma “Mackinac Island” no Brasil! A cidade de Afuá, no Pará, proibiu o trânsito de carros ou motos, como mostrou a revista National Geographic Brasil em sua edição de maio.  Nela, o repórter André Julião contou: “Afuá provavelmente é o único município brasileiro onde carros e motos são proibidos em toda sua extensão. Isso a tornaria a única cidade livre de emissões de gases de carbono, não fosse a energia elétrica gerada da queima de óleo diesel. Não é difícil crer que, à exceção dos bebês, cada um de seus 35 mil habitantes tenha uma bike”.


terça-feira, 10 de setembro de 2013

1° Relatório de Mudanças Climáticas prevê transformação da Amazônia em Savana.




O primeiro relatório de avaliação nacional do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, feito por mais de 300 pesquisadores e divulgado nesta segunda, pinta um cenário nada animador para o clima no Brasil até o final do século. Em uníssono, eles alertam que todos os biomas do país estão vulneráveis às mudanças climáticas.
Segundo a projeção mais crítica, a Amazônia poderá sofrer redução nas chuvas de 40% a 45% e aumento de 5º a 6º C na temperatura entre 2070 e 2100. Se nada for feito, a maior reserva de biodiversidade do mundo e o maior bioma do Brasil – ocupando quase metade do território nacional – poderá virar savana.
Além das perdas ambientais, a previsão soa como alerta para o planejamento energético: por seu potencial, a Amazônia constitui, hoje, a nova fronteira hidrelétrica nacional.
Existem mais de 100 projetos de aproveitamento de usinas na região, entre grandes hidrelétricas e pequenas centrais (PCH), de acordo com o Relatório de Acompanhamento de Estudos e Projetos de Usinas Hidrelétricas da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A vulnerabilidade das usinas ao humor do clima é um ingrediente que promete apimentar ainda mais a polêmica que envolve a construção de grandes hidrelétricas na Amazônia, a exemplo do debate em torno de Belo Monte, e seus impactos socioambientais, incluindo a questão indígena.
Não é preciso ir longe. Atualmente, a falta de chuvas tem levado os reservatórios a níveis preocupantes, principalmente no Nordeste, que obrigam o acionamento das usinas termelétricas, grandes emissoras dos gases de efeito estufa, que contribuem para o aquecimento global.
A ameaça decorrente das mudanças climáticas soma-se, ainda, àquelas provenientes de um vilão antigo – o desmatamento, que já consumiu 18% da cobertura original da floresta nas últimas décadas.
A conservação das florestas tem papel fundamental na geração de energia em usinas hidrelétricas, conforme mostra um estudo publicado recentemente na revista científica Pnad.
Um desmatamento de 40% na bacia do Xingu poderia fazer a produção de energia de Belo Monte cair a 25% do máximo da capacidade em 2050. Juntos, o desmatamento e as usinas térmicas podem potencializar ainda mais os efeitos das mudanças climáticas.

O QUE PODE SER FEITO
Nada disso, contudo, espanta os cientistas. A constatação que causa surpresa é a do quão pouco se sabe sobre a capacidade de cada bioma se adaptar aos novos cenários e o que pode se feito em termos de mitigação e adaptação.
“É onde abrimos os intestinos da ciência brasileira. Falta uma estrutura maior de investimento que nos ajude a encontrar maneiras para evitar o pior”, diz Eduardo Assad, pesquisador do Painel e uma das maiores referências em clima no Brasil.
“Ainda há uma incerteza muito grande. Por isso, precisamos fazer diferente, por precaução. Temos 8 mil km de costa no país e nenhum sistema de geração de energia a partir das ondas do mar”, diz o cientista, que critica o foco na construção de novas usinas hidrelétricas.
“Grande parte do setor de geração de energia elétrica trabalha com demanda. Eles esquecem de pergunta se vai ter água eternamente”, pondera.
Além da geração de energia a partir de ondas do mar, Assad destaca o potencial da energia solar, especialmente dos sistemas de aquecimento de água. “Hoje, 17% da energia elétrica fornecida no Brasil é pra aquecimento do chuveiro”, afirma.

“Isso é uma Itaipu”. Para o especialista, com mais estímulos à fonte termo solar, que é uma tecnologia disponível no mercado, seria possível diversificar a matriz energética e diminuir a dependência de hidrelétricas.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Esgota hoje a cota de recursos naturais de nosso planeta para 2013.


Sobrecarga global

Se a humanidade se comprometesse a consumir a cada ano só os recursos naturais que pudessem ser repostos pelo planeta no mesmo período, em 2013 teríamos de fechar a Terra para balanço hoje, 20 de agosto. Essa é a estimativa da Global Footprint Network, ONG de pesquisa que há dez anos calcula o "Dia da Sobrecarga".
Neste ano, o esgotamento ocorreu mais cedo do que em 2012 (22 de agosto), e a piora tem sido persistente. "A cada ano, temos o Dia da Sobrecarga antecipado em dois ou três dias", diz Juan Carlos Morales, diretor regional da entidade na América Latina.
Para facilitar o entendimento da situação, a Global Footprint Network continua promovendo o uso do conceito de "pegada ambiental", uma medida objetiva do impacto do consumo humano sobre recursos naturais.
No Dia da Sobrecarga, porém, expressa-o de outra maneira: para sustentar o atual padrão médio de consumo da humanidade, a Terra precisaria ter 50% mais recursos.
 Para fazer a conta, a ONG usa dados da ONU, da Agência Internacional de Energia, da OMC (Organização Mundial do Comércio) e busca detalhes em dados dos governos dos próprios países.
O número leva em conta o consumo global, a eficiência de produção de bens, o tamanho da população e a capacidade da natureza de prover recursos e biodegradar/reciclar resíduos. Isso é traduzido em unidades de "hectares globais", que representam tanto áreas cultiváveis quanto reservas de manancial e até recursos pesqueiros disponíveis em águas internacionais.
A emissão de gases de efeito estufa também entra na conta, e países ganham mais pontos por preservar florestas que retêm carbono.
Apesar de ter começado a calcular o Dia da Sobrecarga há uma década, a Global Footprint compila dados que remontam a 1961. Desde aquele ano, a sobrecarga ambiental dobrou no planeta, e a projeção atual é de que precisemos de duas Terras para sustentar a humanidade antes de 2050. A mensagem é que esse padrão de desenvolvimento não tem como se sustentar por muito tempo.
"O problema hoje não é só proteger o ambiente, mas também a economia pois os países têm ficado mais dependentes de importação, o que faz o preço das commodities disparar", diz Morales. "Isso ocorre porque os serviços ambientais [benefícios que tiramos dos ecossistemas] já não são suficientes".

BRASIL "CREDOR"
No panorama traçado pela Global Footprint Network, o Brasil aparece ainda como um "credor" ambiental, oferecendo ao mundo mais recursos naturais do que consome. Isso se deve em grande parte à Amazônia, que retém muito carbono nas árvores, e a uma grande oferta ainda de terras agricultáveis não desgastadas.
Mas, segundo a ONG WWF-Brasil, que faz o cálculo da pegada ambiental do país, nossa margem de manobra está diminuindo (veja quadro à dir.), e exibe grandes desigualdades regionais. "Na cidade de São Paulo, usamos mais de duas vezes e meia a área correspondente a tudo o que consumimos", diz Maria Cecília Wey de Brito, da WWF. O número é similar ao da China, um dos maiores "devedores" ambientais.

domingo, 4 de agosto de 2013

Cientistas constatam aumento acelerado do degelo na Antártida.


Cientistas documentaram pela primeira vez a aceleração do derretimento do solo da Antártida, em uma região onde o gelo era considerado estável. Segundo os pesquisadores, os níveis de degelo são comparáveis aos do Ártico, onde o derretimento acelerado do permafrost (solo permanentemente congelado) se tornou um fenômeno regular.
A análise do Vale Garwood, na região McMurdo Dry Valleys, na Antártida, mostrou que o derretimento acelerou consideravelmente de 2001 para 2012, chegando a dez vezes a média. A região de Dry Valleys contém um dos maiores trechos de gelo de solo do continente.
O local anteriormente havia sido considerado em equilíbrio pelos pesquisadores, que acreditavam que o derretimento e o congelamento sazonais não eram responsáveis por diminuir a camada de gelo no solo. Porém, Joseph Levy, pesquisador do Instituto de Geofísica da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, utilizou um Lidar (aparelho que emite lasers e analisa a luz refletida para "escanear" o ambiente) e fotografias para documentar uma rápida redução do gelo na região. Os resultados foram publicados nesta quarta-feira, no periódico Scientific Reports.
"A grande questão é que o gelo está desaparecendo. Está derretendo mais rápido a cada vez que medimos", afirma Levy. Não há sinais de registros geológicos que indiquem que o gelo do vale já tenha diminuído tanto no passado.

TEMPERATURAS ESTÁVEIS

O aumento do degelo, porém, não se deve a uma elevação de temperatura na região. Foi documentada no local uma queda de temperatura de 1986 até o ano 2000, e desde então ela se mantém estável. Os autores do estudo atribuem o degelo ao aumento da radiação vinda do Sol, decorrente de uma mudança no padrão climático que fez com que uma quantidade maior de luz solar conseguisse chegar ao chão.
O solo de gelo é mais comum no Ártico do que na Antártida, cuja paisagem é dominada por geleiras e lençóis de gelo. A principal diferença entre essas formações é que o gelo do solo pode estar misturado a solo congelado ou enterrado sob camadas de sedimento. Os raios solares são refletidos por superfícies brancas, como geleiras e lençóis, enquanto superfícies escuras absorvem os raios. Assim, embora camadas grossas de sedimento isolem o gelo da luz do sol, reduzindo o derretimento, camadas mais finas provocam o efeito contrário, aquecendo o gelo próximo a elas e acelerando seu derretimento.
Segundo os pesquisadores, se a Antártida sofrer o aquecimento esperado durante o próximo século, a combinação entre o aumento da temperatura do ar e o derretimento causado pelos raios solares pode fazer com que o gelo do solo derreta de forma ainda mais rápida.

CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Accelerated thermokarst formation in the McMurdo Dry Valleys, Antarctica
Onde foi divulgada: periódico Scientific Reports
Quem fez: Joseph S. Levy, Andrew G. Fountain, James L. Dickson, James W. Head, Marianne Okal, David R. Marchant e Jaclyn Watters
Instituição: Universidade do Texas, EUA, e outras
Resultado: A análise do Vale Garwood, na região McMurdo Dry Valleys, na Antártida, mostrou que o derretimento acelerou consideravelmente de 2001 para 2012, chegando a dez vezes a média da região.

Fonte: Planeta Sustentável.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

17 de Julho - Dia de Proteção às Florestas


   O dia de 17 de Julho é o Dia de Proteção às Florestas, para nós, brasileiros, uma data como essa é de extrema relevância, visto que somos conhecidos mundialmente como o país das florestas. A Floresta Amazônica é a maior reserva genética e a maior floresta tropical do mundo, bem como abriga um quinto da água potável disponível na terra.

   Infelizmente, esses números vêm diminuindo por conta da agropecuária e da indústria madeireira que têm devastado a região consideravelmente, tanto que nas últimas décadas o rombo provocado na região totaliza uma área superior à da França. Apenas entre os anos de 2011 e 2012, o Brasil sofreu perda de 235 km² de Mata Atlântica.

   Diante desses números, cabe aproveitar a data para refletir sobre nossas atitudes e repensar as políticas públicas ambientais. Há diversas ONGs engajadas em preservação do meio ambiente que buscam voluntários e a população também tem o direito e o dever de cobrar as autoridades responsáveis, fazer denúncias sobre exploração ilegal de reservas naturais, por exemplo. Não deixe de fazer a sua parte!

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Sustentabilidade e Nanotecnologia: É do Brasil!


São Paulo - Os gases emitidos pela queima do bagaço de cana de açúcar, resíduos de milho, pneus velhos e garrafas PET podem ser usados na fabricação de nanotubos de carbono. O avanço que une as áreas de sustentabilidade e nanotecnologia foi descoberto pelo físico brasileiro Joner de Oliveira Alves.
Durante sua tese de doutorado, Joner fez testes em laboratório com os quatro tipos de resíduos. O processo de queima diminui a quantidade de gases poluentes emitidos na atmosfera do planeta e ainda cria nanotubos. O material que costuma ser exportado pelo país é usado como reforço em materiais poliméricos e cerâmicos e tem um vasto campo de potenciais aplicações, que vai desde dispositivos médicos, implantes e peças de eletrônicos.
Os nanotubos de carbono tem um diâmetro corresponde a nanômetros, ou seja, um bilionésimo de metro (10-9metros). Apesar do vasto campo de potenciais aplicações, ainda não existem empresas que produzem esses materiais em larga escala no Brasil. A indústria cosmética é a que mais tem investido nesse tipo de material. “Como os nanatubos são partículas muito pequenas, conseguem penetrar em camadas da pele que outras substâncias não alcançam”, afirma Joner em entrevista a INFO.
Na técnica desenvolvida por Joner, os resíduos são primeiro aproveitados para a geração de energia. A diferença é o aproveitamento dos gases resultantes da saída do processo. Primeiro, os resíduos são incinerados em um forno e depois filtrados, o que resulta apenas em gases. Em seguida, um catalisador quebra os hidrocarbonetos dos gases em carbono e hidrogênio. O carbono fica retido na forma de carbono sólido, como um pó de grafite, onde são encontrados os nanotubos. Já o hidrogênio é lançado na atmosfera, mas é um gás limpo, que não polui.
O estudo de Joner mostra que os gases resultantes da queima do bagaço de cana apresentaram os melhores resultados ao gerar mais nanotubos e com mais pureza. A queima desses resíduos também pode reduzir em até 90% a quantidade do detrito gerado, o que evita a deposição em lixões. O bagaço de cana, por exemplo, é atualmente utilizado pela maioria das usinas para a geração de energia capaz de suprir todo o processo de produção de cana e etanol.
A pesquisa não abre apenas possibilidade para a redução do valor dos nanomateriais, apresenta também um importante aspecto ligado à sustentabilidade. “A ideia é valorizar a cadeia de reciclagem energética porque o Brasil precisa de fontes de energia limpas, sem usar recursos naturais não renováveis, como o petróleo. E ainda é possível atingir outra cadeia, que é a indústria de nanotecnologia”.

“Sempre tentei ao máximo fazer pesquisas que possam sair do meio acadêmico. Esses resíduos já são queimados pra gerar energia, como o bagaço da cana e pneus”, diz Joner. Sobre a aplicação prática do projeto, Joner ressalta que esta poderia ser uma solução para baixar o preço dos nanotubos. Mas para isto seria primeiramente necessário adaptar locais onde a queima de resíduos já é feita para a geração de energia, como no caso das usinas de açúcar e etanol. “A ideia é levar essa tecnologia para onde os resíduos estão. Se não, a matéria-prima deixa de ser barata. Não é um processo fácil porque se misturam duas tecnologias opostas: a de nanotecnologia, uma química “fina”, sem contato com meio externo; e do outro lado o resíduo. O meio campo tem que ser muito bem trabalhado”, afirma Joner.
O estudo foi desenvolvido durante a tese de doutorado, que foi defendida em 2011. O trabalho foi feito na modalidade sanduíche: no Brasil, pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), com orientação do professor Dr. Jorge Alberto Soares Tenório, do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais. Nos Estados Unidos, a coorientação foi do professor Yiannis Angelo Levendis, da Northeastern University, em Boston.
A pesquisa fez tanto sucesso que já rendeu seis prêmios, sendo o último deles o Prêmio AEA (Associação de Engenharia Automotiva) de Meio ambiente. “O estudo também ganhou na categoria jovem pesquisador o Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia, que eu considero um dos principais porque é organizado pela UNESCO", diz Joner. O pesquisador também destaca o Prêmio Vale-Capes de Ciência e Sustentabilidade, conferido à melhor tese de doutorado na área de tratamento de resíduos".
Fonte: Revista Exame.