VIVAS

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Cresce área de desmatamento na Amazônia em setembro, segundo Imazon



Pelo terceiro mês consecutivo, aumenta a área de desmatamento na Amazônia Legal, de acordo com o boletim divulgado pelo Instituto Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon)*.

O estudo detectou 402 quilômetros quadrados de deflorestamento em setembro de 2014, um aumento de 290% em relação ao mesmo período do ano passado. Todavia, em 2013 só foi monitorado 79% da área florestal da região e agora o levantamento cobriu 93% do território - uma área maior.

Diferentemente dos meses anteriores, quando o estado do Pará apresentou os mais altos índices de desmatamento, em setembro último, Rondônia aparece no topo do ranking, com 33%, seguido pelo Pará (23%), Mato Grosso (18%) e Amazonas (12%).

O boletim revelou ainda que também cresceu a área de florestas degradadas na região. O salto foi enorme. Enquanto em setembro de 2013 eram 16 quilômetros quadrados de matas degradadas, no mês passado este número passou para 624 quilômetros quadrados: um crescimento assustador de 3.797%. Os dados são alarmantes.




Fonte: Imazon/ Planeta Sustentável. 

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

O novo pensamento econômico sobre a água

 
No Brasil, a água custa centavos. Nas tarifas de todo o país estão embutidos os preços de captação, tratamento e distribuição. No entanto, desde a Lei das Águas, de 1997, a água, um recurso finito, também ganhou um preço. Em algumas regiões do Estado de São Paulo, ela varia entre 2 centavos e 12 centavos. E essa tarifa se mantém, seja em períodos de seca, seja nas épocas de abundância. Simbólico, o custo indica que esse bem essencial é farto, inesgotável e fácil de extrair. É o oposto do que mostra a crise atual em todo o país.

“Quando acordamos pela manhã e abrimos a torneira, temos acesso a uma quantidade de água ilimitada pela qual pagamos menos que pelo serviço de celular. Isso nos fez acreditar que a água é infinita”, diz o americano Robert Glennon, professor de políticas públicas da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, e autor dolivro Unquenchable: America’s Water Crisis and What to Do About It (Inesgotável: A Crise de Água Americana e o que Fazer Sobre Isso, sem edição em português), publicado em 2009. “No entanto, nossa fonte de água é fixa e finita: é como um grande copo de milk-shake com um número infindável de canudos. Muitos lugares permitem que esse número ilimitado de canudos seja usado, uma receita para um desastre previsível que começa a se manifestar em rios secos e falta d’água para beber. Por isso precisamos colocar um preço apropriado na água: quem usa mais tem que pagar mais.”
 
ÁGUA BARATA De acordo com os economistas, o mercado é uma importante ferramenta para racionalizar o uso da água e prevenir as crises. Pequenas intervenções têm impactos tremendos, que podem resolver secas históricas ou combater o desperdício do valioso bem.

“Nos EUA, os agricultores usam cerca de 80% da água. Uma pequena redução nesse consumo dobraria o fornecimento para todos os municípios e uso industrial. Falo de reduções pequenas, como diminuir esses 80% para 76% - isso dobraria o fornecimento para todo o uso comercial e residencial”, diz Glennon.

Segundo o americano, a maneira mais simples de modificar esses números seria criar uma taxa adequada sobre a água. A tarifa indicaria como e onde a água deve ser economizada. Ela seria baixa para os metros cúbicos necessários para as tarefas básicas cotidianas - para garantir que chegue a todos - e aumentaria, gradualmente, a partir desse nível.

“Deve haver blocos de taxas crescentes, que seria o mesmo que dizer: quanto mais água é usada, mais é pago por essas últimas unidades. Inacreditavelmente, em muitos lugares, há taxas fixas para uso ilimitado de água. Esses blocos deveriam ser ajustados por temporadas para considerar o fato de que durante o verão, quando o uso da água aumenta, isso se dá para abastecer os jardins da casa ou as piscinas. Não me oponho a isso, mas acredito que se alguém quer uma piscina, então que pague por isso”, diz Glennon.

 


NOSSA CONTA
Os recursos obtidos com a precificação correta da água poderiam ser destinados a outros fins que ajudem a conter crises hídricas. Grandes reservatórios, como a Cantareira, que atende 9,8 milhões de paulistas - 8,4 milhões só na capital -, são rodeados por terras que precisam de boa infiltração. É a penetração da água das chuvas no subsolo que alimenta os lençóis freáticos e leva água para reservatórios e represas. No entanto, pastos ou terrenos com pouca vegetação fazem com que a água escorra e eliminam essa reserva.

“Há técnicas de manejo de pasto que promovem a melhor infiltração das águas. Mas é preciso pagar os agricultores para que façam essa adequação. E o dinheiro para isso vem do preço da água”, diz o economista Ademar Romeiro, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

A primeira experiência desse tipo foi feita em Nova York, há 25 anos. A prefeitura usou os valores arrecadados com os consumidores para pagar os agricultores e moradores ao redor do seu principal reservatório para que mantivessem o solo adequado à infiltração: compraram as terras e substituíram gado por produção de vegetais. No Estado de São Paulo, experiência semelhante é feita no município de Extrema, há dez anos.

“No entanto, no Brasil, quem paga por isso é a prefeitura, enquanto o correto seria que os usuários pagassem por esse serviço”, diz o Romeiro. Segundo estudos feitos na Unicamp, o financiamento desse tipo de serviço significaria 1 real ou 2 reais a mais nas contas de água do consumidor comum.

“Esse tipo de serviço é uma variável-chave para a contenção de crises. O uso das terras na bacia de captação tem que ser adequado e temos que pagar por isso. É legal, economicamente viável e fácil de ser colocado em prática”, diz Romeiro. “Nós pagamos muito pouco pela água. Certamente não pagamos o necessário para tornar sustentável o nosso consumo de água de qualidade.”

Fonte: Planeta Sustentável.
 

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Energia e meio ambiente no Brasil

Energia, ar e água são ingredientes essenciais à vida humana. Nas sociedades primitivas seu custo era praticamente zero. A energia era obtida da lenha das florestas, para aquecimento e atividades domésticas, como cozinhar. Aos poucos, porém, o consumo de energia foi crescendo tanto que outras fontes se tornaram necessárias. Durante a Idade Média, as energias de cursos d’água e dos ventos foram utilizadas, mas em quantidades insuficientes para suprir as necessidades de populações crescente, sobretudo nas cidades. Após a Revolução Industrial, foi preciso usar mais carvão, petróleo e gás, que têm um custo elevado para a produção e transporte até os centros consumidores. O consumo de água também aumentou consideravelmente, tanto que se tornou necessário cobrar pelo seu uso para pagar os custos para sua purificação e transporte até os usuários.
Os padrões atuais de produção e consumo de energia são baseados nas fontes fósseis, o que gera emissões de poluentes locais, gases de efeito estufa e põem em risco o suprimento de longo prazo no planeta. É preciso mudar esses padrões estimulando energias renováveis, e, nesse sentido, o Brasil apresenta uma condição bastante favorável em relação ao resto do mundo.


Leia mais sobre as fontes e o consumo de energia no nosso país no artigo Energia e meio ambiente no Brasil





Referência: GOLDEMBERG, José; LUCON, Oswaldo. Energia e meio ambiente no Brasil. São Paulo, 2006. Acesso em 16 out. 2014. 

terça-feira, 14 de outubro de 2014

15 - Dia do Educador Ambiental

O dia do educador ambiental é comemorado no mesmo dia em que se homenageiam os professores. Não é por menos. No fundo, o educador ambiental também é um professor, mas que não transmite simplesmente valores verdes aos seus alunos. É alguém que prioriza a ação efetiva desse alunado no meio ambiente e que prega com ele atitudes coerentes para a harmoniosa relação ser humano-natureza.

Essa pode – e deve – ser tarefa do professor também. Mas a partir do momento em que se considera a educação ambiental uma disciplina transversal na sala de aula, destaca-se o educador ambiental do professor. As atividades se confundem em sala de aula e revela-se que a melhor prática é feita em sua extensão. O pátio da escola, a própria casa, o bosque do parque: extensões das quatro paredes em que se transmite o conhecimento.

Propiciar uma atividade na prática pode ser garantia de um aprendizado efetivo. A conscientização proposta por um educador ambiental segue por esse caminho. Obviamente, às vezes isso não passa de teoria. Até porque registrar que isso é tarefa de um educador ambiental ou pregar que determinadas atitudes são exclusivas desse profissional generalizam e delimitam o campo.

Talvez a própria criação do termo educador ambiental já sugira um estreitamento de significado. O surgimento da nomenclatura, assim, tanto é positivo quanto negativo. O educador ambiental é destacado e ganha um dia para ser homenageado oficialmente. O seu campo de atuação por vezes pode ficar específico demais, como sempre ocorre na categorização de funções.

Enfim, o fato é que no dia 15 de outubro ambos os profissionais – professores e educadores ambientais – merecem oficialmente ser homenageados. De qualquer modo, um educador ambiental não deixa de ser um professor.


 
 
Fonte: Poder Judiciário do Paraná.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Por mais mobilidade

 
Iniciativas internacionais comprovam que é possível deixarmos de ser reféns do carro individual por uma cidade com menos trânsito, sem prejuízos para a mobilidade. Lincoln Paiva, idealizador do Projeto Melhorar de Mobilidade Sustentável, dá o exemplo do estado de Washington e afirma: é preciso focar no deslocamento de pessoas e não na circulação de automóveis



O pensamento dos governos, no Brasil, ainda está focado na criação de leis para que a circulação de carros se torne mais eficiente. Essa é a opinião de Lincoln Paiva, idealizador do Projeto Melhorar de Mobilidade Sustentável. Enquanto for assim, o aumento de infraestrutura continuará tendo como conseqüência um aumento do número de veículos em circulação, de modo que o problema do trânsito jamais poderá ser resolvido.

Para o especialista, a saída para a mobilidade urbana é centrar na busca de soluções para os indivíduos realizarem seus deslocamentos. “É preciso pensar na melhor maneira possível de uma pessoa se mover de um lugar para outro de forma sustentável”, diz. Para isso, o primeiro passo é entender que o conceito de mobilidade envolve não apenas o setor de transportes, mas também trabalho, saúde, economia, finanças e meio ambiente.

Lincoln diz que cidades de pequeno e médio porte em países da Europa e nos Estados Unidos têm encontrado boas saídas para o problema da mobilidade, mas os grandes centros urbanos também podem se adaptar. Uma referência interessante para esse último caso é o CTR Board – Commute Trip Reduction Board, criado por Washington. O estado tem seis milhões de habitantes – sendo que 80% vivem em áreas urbanas –, abriga a sede de grandes empresas e sofria com um trânsito caótico. Por usar principalmente energia hidrelétrica, como o Brasil, o maior responsável por suas emissões de carbono é o setor de transportes, com o agravante de que o estado não é auto-suficiente em petróleo.

Esse cenário fez com que o governo decidisse trabalhar juntamente com a iniciativa privada, de modo que as empresas começassem a se sentir responsáveis pelos deslocamentos de seus funcionários, não só pela ida ao trabalho e volta para casa, como pela locomoção durante o dia para visitar clientes, participar de reuniões e eventos fora da empresa ou fazer entregas.
Foi aí que o estado criou um departamento de mobilidade, que incentivava as empresas, por meio de recursos financeiros, a fazerem o mapeamento dos deslocamentos de cada empregado. Os dados coletados serviram para que o governo entendesse como as pessoas se locomoviam e quais eram suas necessidades. A partir desse diagnóstico, foram implementadas iniciativas de home office, horários flexíveis de trabalho, construção de ciclovias, viabilização de caronas compartilhadas, aumento da frota de ônibus em determinados locais, etc. Grandes companhias começaram a aproveitar melhor seus serviços de transporte, evitando o uso de vários carros para levar pessoas, individualmente, ao mesmo local. E algumas leis ainda beneficiaram os indivíduos que deixavam seu carro em casa com descontos no IPVA, e as próprias empresas, com redução de ICMS.
 
O conjunto de medidas serviu para reduzir o tempo que as pessoas ficavam paradas no trânsito, diminuiu o estresse e os gastos com combustível e tornou o transporte público mais eficiente. Três anos depois, mais de 1.100 empresas fazem questão de investir nesse projeto – cerca de 80 milhões de dólares por ano – pois notaram, na prática, os ganhos econômicos que tinham com a iniciativa. Para cada dólar investido hoje, elas recebem 16 de volta.

Pelo fato de as características de Washington se assemelharem às condições que temos em grandes cidades brasileiras, como São Paulo, é fácil perceber que o problema do trânsito por aqui também pode ser resolvido. Lincoln diz que o primeiro passo para isso é evitar as ações punitivas – que reforçam a tendência de os usuários tentarem burlá-las – e mudar nosso conceito de carro como símbolo de status.

Ainda se engana quem pensa que o transporte público é a única solução para a mobilidade urbana. Lincoln alerta que, se migrássemos todos os motoristas para os ônibus e metrôs, as cidades teriam um ônus enorme. Em Londres, por exemplo, além de incentivar as pessoas a andarem a pé e de bicicleta, a prefeitura optou por recomendar às empresas que adotassem a política de home office, que sairia mais barato para os cofres públicos do que incrementar o transporte urbano.
Fonte: Planeta Sustentável.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

A ONU e o meio ambiente


 
Pode-se dizer que o movimento ambiental começou séculos atrás, como uma resposta à industrialização. No século XIX, os poetas românticos britânicos exaltaram as belezas da natureza, enquanto o escritor americano Henry David Thoreau pregava o retorno da vida simples, regrada pelos valores implícitos na natureza. Foi uma dicotomia que continuou até o século XX.
Após a Segunda Guerra Mundial, a era nuclear fez surgir temores de um novo tipo de poluição por radiação. O movimento ambientalista ganhou novo impulso em 1962 com a publicação do livro de Rachel Carson, “A Primavera Silenciosa”, que fez um alerta sobre o uso agrícola de pesticidas químicos sintéticos. Cientista e escritora, Carson destacou a necessidade de respeitar o ecossistema em que vivemos para proteger a saúde humana e o meio ambiente.
Em 1969, a primeira foto da Terra vista do espaço tocou o coração da humanidade com a sua beleza e simplicidade. Ver pela primeira vez este “grande mar azul” em uma imensa galáxia chamou a atenção de muitos para o fato de que vivemos em uma única Terra – um ecossistema frágil e interdependente. E a responsabilidade de proteger a saúde e o bem-estar desse ecossistema começou a surgir na consciência coletiva do mundo.
Com o fim da tumultuada década de 1960, seus mais altos ideais e visões começaram ser colocados em prática. Entre estes estava a visão ambiental – agora, literalmente, um fenômeno global. Enquanto a preocupação universal sobre o uso saudável e sustentável do planeta e de seus recursos continuou a crescer, em 1972 a ONU convocou a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, em Estocolmo (Suécia).
O evento foi um marco e sua Declaração final contém 19 princípios que representam um Manifesto Ambiental para nossos tempos. Ao abordar a necessidade de “inspirar e guiar os povos do mundo para a preservação e a melhoria do ambiente humano”, o Manifesto estabeleceu as bases para a nova agenda ambiental do Sistema das Nações Unidas.
 
“Chegamos a um ponto na História em que devemos moldar nossas ações em todo o mundo, com maior atenção para as consequências ambientais. Através da ignorância ou da indiferença podemos causar danos maciços e irreversíveis ao meio ambiente, do qual nossa vida e bem-estar dependem. Por outro lado, através do maior conhecimento e de ações mais sábias, podemos conquistar uma vida melhor para nós e para a posteridade, com um meio ambiente em sintonia com as necessidades e esperanças humanas…”
 
“Defender e melhorar o meio ambiente para as atuais e futuras gerações se tornou uma meta fundamental para a humanidade.”
Fonte: ONUBrasil.
 

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Meio ambiente e energia: um falso conflito para o Brasil 

O processo civilizatório está intimamente vinculado ao diálogo da humanidade com a natureza. A revolução industrial marcou uma inflexão nesse diálogo ao centrar no consumo de recursos fósseis a expansão do consumo de energia. Desde então, o incremento do bem-estar da humanidade passou a exercer pressão sobre a disponibilidade de recursos fósseis do planeta e, consequentemente, sobre a capacidade de os ecossistemas absorverem os gases resultantes de sua combustão.
A engenhosidade humana tem permitido superar a preocupação com o esgotamento físico dos recursos fósseis, porém com concentração de riqueza e com tensões geopolíticas crescentes. No entanto, a comunidade científica identifica nos eventos climáticos extremos, induzidos pela concentração de gases na atmosfera, um risco para o bem-estar conquistado pela humanidade. Para mitigar, senão evitar, esse risco, a comunidade científica indica ser indispensável uma transformação no padrão de consumo das sociedades industriais.

Eficiência energética
"Nossa política energética tem negligenciado as políticas de eficiência, nas quais reside o maior potencial de redução das emissões"
A diplomacia ainda não conseguiu propor uma agenda coletiva de ação para a redução do consumo de combustíveis fósseis. No entanto, os países têm adotado metas unilaterais para a mitigação de suas emissões que, sem comprometer a melhoria do bem-estar de sua população, permitem reduzir seu consumo de recursos fósseis. Para alcançar esse objetivo, são adotadas dois conjuntos de políticas. O mais importante deles visa reduzir o consumo de energia com incrementos da eficiência energética dos equipamentos, dos processos e da logística de transporte. O segundo busca fomentar a substituição dos combustíveis fósseis na geração de eletricidade e nos motores a combustão interna.
O Brasil também adotou metas unilaterais para a redução de suas emissões de gases. Contudo, nossa política energética tem negligenciado as políticas de eficiência, nas quais reside o maior potencial de redução das emissões. Essa negligência é recorrentemente justificada com o argumento falacioso de que, sendo nossa matriz energética majoritariamente composta por fontes renováveis, medidas de eficiência energética teriam pouco efeito do ponto de vista das emissões de gases. Trata-se de um grande equívoco.
A maior parcela renovável de nossas emissões de gases está vinculada ao desmatamento descontrolado da Amazônia. E a expansão da oferta de eletricidade está programada para ser suprida com a construção de hidrelétricas naquela região. Ainda que as hidrelétricas amazônicas não sejam o único fator do desmatamento descontrolado da região, são inegáveis os efeitos socioambientais dessas obras cujos condicionantes os órgãos governamentais se mostram incapazes de fazer cumprir. Mais ainda, como as centrais hidrelétricas amazônicas necessariamente não podem ter reservatórios relevantes, sua operação econômica fica dependente da operação dos reservatórios hidrelétricos existentes na região Sudeste. Dessa forma, o imenso potencial eólico ambientalmente amigável, que também necessita desses reservatórios para garantir sua economicidade, é reduzido drasticamente, e a expansão do parque gerador termelétrico torna-se indispensável para garantir a confiabilidade do suprimento de eletricidade.

Oportunidade nos transportes
"Após a identificação de reservatórios gigantes no pré-sal, a política de fomento ao consumo de biocombustíveis perdeu impulso e, mais importante, os incentivos governamentais foram direcionados para o transporte individual"
O núcleo duro da transformação da matriz energética reside no sistema de transportes. O Brasil adotou política pioneira na substituição dos recursos fósseis pelos biocombustíveis com o uso do etanol combustível. Porém, sua logística de transportes permanece assentada essencialmente nas rodovias. Após a identificação de reservatórios gigantes no pré-sal, a política de fomento ao consumo de biocombustíveis perdeu impulso e, mais importante, os incentivos governamentais foram direcionados para o transporte individual. Consequentemente, nossas emissões de gases vinculadas à logística de transporte estão crescendo rapidamente.
A reorganização do mercado energético em torno de recursos energéticos não fósseis será necessariamente um processo longo. Ela é mais fácil de ser empreendida no sistema elétrico, no qual basta conectar as centrais alimentadas com recursos renováveis à malha de distribuição elétrica. Ela é mais complexa no setor de combustíveis, em que a transformação depende em larga medida de mudanças na logística de transportes.
As incertezas que atualmente cercam o mercado do petróleo, principalmente a volatilidade de seu preço, dificultam essa transformação. O suprimento seguro de petróleo é indispensável para que essa reorganização ocorra de forma sustentada e socialmente justa. Com matriz energética pouco intensiva em combustíveis fósseis, amplo potencial de fontes renováveis e supridor de petróleo seguro, o Brasil está credenciado para assumir papel central na liderança do processo de reorganização do mercado energético global. Para tanto, é preciso abandonar a percepção conflituosa entre ambiente e energia para abraçar as sinergias entre a proteção do meio ambiente, o progresso social e a expansão do consumo de energia.
Fonte: Oeco, Meio Ambiente e energia.
*Adilson Oliveira é professor do Instituto de Economia da UFRJ 

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

O Meio Ambiente e o Setor Industrial - Desafio para o Desenvolvimento Sustentável

Quando as primeiras indústrias surgiram, os problemas ambientais eram de pequena dimensão, pois a população era pouco concentrada e a produção era de baixa escala. As exigências ambientais eram mínimas e o símbolo do progresso, veiculada nas propagandas de algumas indústrias, era a fumaça saindo das chaminés.
Mudanças começaram a ocorrer, a partir do agravamento dos problemas ambientais, por volta dos anos 70, gerando um nível crescente de exigências, reclamando respostas do setor industrial ao novo desafio. Nas últimas décadas, as empresas deixaram de ser vistas apenas como instituições econômicas, com responsabilidades para resolver os problemas meramente econômicos – o que produzir, como produzir e para quem produzir – e passaram a se voltar também para questões de caráter social, político e ambiental, tais como: controle da poluição, segurança e qualidade de produtos, assistência social, defesa de grupos minoritários, etc.
A visão moderna da empresa em relação ao seu ambiente é muito complexa. A nova forma de administrar tem a ver com a proliferação de pressões por parte da sociedade (movimentos reivindicatórios, denúncias), como também a regulamentação de leis que forçam as empresas a criar novas diretrizes de atuação e influenciam as organizações desenvolverem sua missão, quebrando o paradigma da visão tradicional da empresa e adequando-se a uma nova administração empresarial, onde as questões socioambientais são incorporadas ao dia-a-dia do ambiente dos negócios.
A sociedade moderna está mais atenta ao comportamento das empresas: as pessoas têm preocupações com o meio ambiente, com a segurança e com a qualidade de vida e dos produtos. Qualidade, aliás, é uma das palavras que foi assimilada pelo consumidor e que tem levado as organizações incorporar novos valores em seus procedimentos administrativos e operacionais.

Leia na íntegra sobre como administrar uma organização, tendo em mente o meio ambiente.









Fonte: OLIVEIRA, Francicleide Palhano de.  O Meio Ambiente e o Setor Industrial: desafio para o 
desenvolvimento sustentável. Acesso em: 3 out. 2014.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Hoje, 02/10 - Dia Nacional do Hábitat


É necessário planejar melhor as áreas urbanas do mundo, onde vive atualmente metade da população mundial, para tornar o ideal de cidades sustentáveis e inclusivas uma realidade. Esta foi a mensagem do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, para o Dia Mundial do Habitat, comemorado ontem (1) em todo o planeta.
“Em pouco mais de uma geração, dois terços da população mundial serão urbanos. À medida que aumenta a proporção da humanidade vivendo em meios urbanos, aumenta também a necessidade de reforçar a dimensão urbana de nossos esforços para reduzir a pobreza mundial e promover o desenvolvimento sustentável.”
De acordo com o Programa de Assentamentos Humanos das Nações Unidas (ONU-HABITAT), os principais desafios que as cidades em todo o mundo de hoje enfrentam são o desemprego, especialmente entre os jovens; as desigualdades sociais e econômicas; e os padrões de consumo insustentáveis de energia. As áreas urbanas também são responsáveis pela maioria dos resíduos do mundo e pela poluição – muitas são particularmente vulneráveis a desastres, incluindo os crescentes riscos associados às mudanças climáticas.
Apesar de um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) – que pretende melhorar significativamente a vida de pelo menos 100 milhões de moradores de favelas – ter sido alcançado dez anos antes do prazo de 2020, os números absolutos continuam crescendo e cerca de 25% das pessoas que vivem em cidades – mais de 850 milhões – moram em favelas ou assentamentos informais.
“Devemos criar um novo tipo de cidade – a cidade do século 21 –, uma cidade inteligente, centrada nas pessoas, que seja capaz de integrar os aspectos tangíveis e intangíveis da prosperidade, uma cidade capaz de livrar-se dos hábitos urbanos ineficientes e insustentáveis do século passado”, disse o Diretor Executivo do ONU-HABITAT, Joan Clos, em sua mensagem para a data.
 
 
 
Fonte: ONUBR-Nações Unidas no Brasil.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Inovação e sustentabilidade caminham paralelas na Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL)

O principal desafio deste século é equilibrar a demanda crescente por energia, com o uso racional dos recursos naturais, e a redução das emissões de efeito estufa. A CPFL soube aproveitar oportunidades nesse novo contexto para expandir suas atividades, sempre com destaque a eficiência operacional

 
 
Na busca por criação de valor e maior eficiência, investimentos em inovação ganham espaço na agenda corporativa mundial. Estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontam que, no Brasil, os investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) deverão crescer 30% em 2013 e chegar a US$ 39 bilhões - 1,3% do PIB -, o que demonstra o interesse do setor público e privado em acelerar a inovação no País.O tema é mais relevante quando se trata de energia. O principal desafio deste século é equilibrar a demanda crescente por energia, com o uso racional dos recursos naturais, e a redução das emissões de efeito estufa. Ciente disso, a CPFL ajustou em 2009 seu planejamento estratégico e introduziu a sustentabilidade em sua agenda corporativa. Em 2011, a diretoria de Estratégia Empresarial se tornou diretoria de Estratégia e Inovação, o que reforça o compromisso da empresa em priorizar a criação e o desenvolvimento de soluções inovadoras e sustentáveis em seus negócios. Nessa estrutura, dois pilares são essenciais: o público externo (academia, empresas parceiras e sociedade) e os colaboradores.Um dos principais meios de interação com o público externo é o programa de P&D da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Serão investidos R$ 190 milhões entre 2013 e 2017 nessa iniciativa, sendo que atualmente existem 34 projetos em andamento, com contratos que somam R$ 148 milhões.Os projetos são financiados pelas próprias empresas do Grupo, em linha com os objetivos corporativos e da regulamentação do setor. Pela regulamentação, prevê-se que parte da receita operacional líquida seja destinada a projetos de eficiência energética, pesquisa e desenvolvimento.Em 2012, foi criado o programa “Usina de Ideias”, um fórum aberto em que todos os nossos cerca de oito mil colaboradores podem sugerir soluções para aperfeiçoar processos, reduzir custos, melhorar a qualidade de serviços e produtos e criar outros que possam impactar positivamente a vida de nossos clientes.
Desde sua privatização, em 1997, a CPFL, que atuava basicamente em distribuição de energia elétrica, soube aproveitar oportunidades neste novo contexto para expandir suas atividades, sempre com destaque a eficiência operacional. Adquirimos outras distribuidoras, entramos no negócio de geração hidrelétrica, estamos entre os pioneiros do negócio de comercialização, criamos uma unidade para prestação de serviços, fomos a primeira entre as recém-privatizadas empresas do setor elétrico a abrir capital, em 2004, e também a primeira empresa de energia elétrica a produzir e comercializar energia elétrica a partir do bagaço de cana-de-açúcar.Também estamos entre os primeiros a apostar nesta revolução que está acontecendo com a energia eólica e, somando estes projetos com os projetos de biomassa de cana e nossas PCHs (pequenas centrais hidrelétricas), criamos a maior empresa de energia renovável da América Latina. Continuamos a buscar novas oportunidades com projetos nas áreas de veículos elétricos, eficiência energética, geração solar fotovoltaica, geração a partir de resíduos sólidos, biogás, entre outros. Mas não basta apenas inovar em negócios, produtos e serviços. Temos que inovar também nos processos para nos manter sempre competitivos e garantir que nosso crescimento seja sustentável. Ao olhar o futuro e desenvolver soluções inovadoras, a CPFL busca reforçar uma cultura de inovação que permeia toda a sua história centenária.
Fonte:Planeta Sustentável.